Maravilhosas ilhas da Tailândia... Até já!
Há muitas coisas que não estou habituada.
Encantar-me com os bichos.
As borboletas que se envolvem sem medo sobre as minhas pernas, as lagartixas
de meio palmo que circulam com medo pelas paredes.
Adormecer em jardins suspensos de palmeiras a silenciar a noite.
Acordar com uma brisa quente da manhã a dizer-me bom dia.
E foi bem cedo que despertou a nossa vontade de ver o que
nos esperava do outro lado da janela.
Mochilas às costas, câmaras na mão e mota atestada. Prontos
para desbravar umas quantas novas terras, como em tempos se fazia. Rotas não
planeadas, guias esquecidos ainda tornam esta rota mais apetecível.
Cada local atravessado tornava-se numa nova memória guardada num local muito
especial. O fumo que saía das fogueiras e deixava o ar um pouco mais triste, as
motorizadas que carregam colchões de casal, os cabos de eletricidade que se
juntavam às dezenas emitindo um som levemente ruidoso, as lojas que expunham roupas
tão coloridos que nos desviavam o olhar.
Nestas barraquinhas de rua os topes de decote largo e os calções de
corte reduzido publicitavam as festas que se aproximavam. Sim, aqui é também um
local de festas. A aclamada Full Moon Party (Festa da Lua Cheia) estava em todos os cartazes a prometer parar Tailândia. E os
turistas preparavam-se com barris de cerveja e tatuagens frescas de luas cheias.
Seguimos para uma nova praia que conquistou todos os nossos sentidos. O
mar entrava pela areia com um cheiro de pescados frescos pela força dos
pescadores e das pescadoras que ali habitavam. Admiramos o esforço e a
dedicação que sustentam a família com a sua bravura. São verdadeiros guerreiros
que aliam a coragem à luta e ao sacrifício diário pelo alimento.
Não resistimos a almoçar ali. No meio de uma gargalhada mais efusiva,
um copo com o batido de morango caiu ao chão. Estava preocupada com o sumo e a
senhora do restaurante com o copo. É verdade, outra particularidade da cultura
daqui é que temos de pagar tudo o que estragamos. E isso aconteceu-nos duas
vezes. Acho que foi o medo de não partir. Apesar de tentarmos explicar que foi
sem querer, tivemos sempre que pagar.
Entre uma e outra paragem, contávamos já com meia dúzia de intervalos
de banhos num mar incrivelmente limpo que espelhava o céu tão perto, que
parecia que lhe podíamos tocar...
Outros bichos, desta vez, maiores, fizeram-nos abrandar. Um cavalo bem
torneado, dois elefantes que carregavam pessoas, uns quantos macacos presos com
uma trela e ainda dezenas de turistas a tirar fotografias.
Tentei perceber porque estavam aqueles homens e mulheres a tirar
fotografias a animais com os olhos tão tristes, tão tristes... E, até, pagavam.
Mais à frente elefantes novos, ainda com marfim, brincavam.
A surpresa chegou ao fim da tarde quando encontramos uma ilha distante,
onde os dois mares se juntavam num comprido e estreito trilho na areia.
Atravessamos com facilidade este caminho que unia as ilhas, quando a maré ainda estava
baixa. E perdemo-nos neste pequeno pedaço de terra. Entre balouços feitos de
cordas e troncos, caminhos construídos com pedras e pegadas de misteriosos
animais. Umas horas depois foi mais difícil para voltar. As ondas tinham
crescido e o tal elevado na areia afastava-se dos nossos pés.
Despedimo-nos das ilhas deste maravilhoso país num barco. Do lado de fora, duas mulheres esticavam um cesto
para dentro do barco, com a ajuda de um pau de madeira. Recolhiam dinheiro em
troca de gelados. Uma técnica artesanal que vendeu todo o stock das
comerciantes, em menos de quinze minutos.
Já embalada no sono, fui interrompida por um segurança que me pedia uns
baths. Mostrei-lhe o bilhete. Mas o
senhor explicou-me que estava numa zona VIP. Pois é, desviei-me uns metros e
agora sim, encontrava-me junto do povo e poderia dormir descansada.
Diz o velho ditado " Nunca Voltes a um Lugar Onde Foste Feliz "
mas eu acredito que voltarei. Acho que vou contrariar a sabedoria popular e ouvir
o meu coração...
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