Um Natal bem quentinho, na Tailândia


Este Natal já não tive o quentinho da lareira, a chuva a molhar as janelas numa casa cheia, com as luzes na árvore de natal acompanhadas de bolas coloridas e fitas felpudas.

Usufruí do quentinho de uma fogueira, a água do mar a molhar-me os pés descalços numa
praia deserta, com a lua desenvergonhadamente cheia acompanhada de centenas de estrelas brilhantes.

A aventura começou pela manhã quando montamos as motas à procura de canas, anzóis, chumbos, carreto e isco. O vendedor hesitou em emprestar ou alugar a sua relíquia que caçava peixe graúdo, como orgulhosamente expunha nas  fotografias na parede. Percebemos que o pescador experiente duvidava da nossa capacidade para a pesca.

Mas não desistimos. É certo que as canas não eram as mais fortes do mundo mas enchemo-nos de atitude e fomos à descoberta de diferentes portos de pesca. Trocamos algumas técnicas com pescadores locais e observamos a sua perícia.

A verdade é que, por muita energia que atestássemos a lançar as canas e por muita paciência que mantivéssemos a aguardar que algum peixe se dignassem a comer o nosso isco, o desfecho foi caricato. Sem anzóis, sem isco e, pior, sem peixes!

Mas continuamos com a vontade de fazer deste um natal diferente, queríamos grelhar o peixe na praia. Acabou por não ser pescado, mas foi do mercado. E ainda acrescentamos três tiras de costela, pão quente e frutas frescas.
O pequeno cesto de metal que usamos para fazer as compras é perfeito para o nosso grelhador.

Estava tudo a postos. Formamos um largo buraco na areia e procuramos por folhas secas e paus mais finos para atear o fogo. Rapidamente vimos um clarão de luz a aquecer o ambiente e a iluminar a noite. Os troncos maiores ajudaram a tornar a fogueira mais branda.

Temperávamos o peixe com bastante limão e umas pedras de sal, e temperávamos a nossa conversa com bastantes gargalhas e umas pitada de nostalgia quando recordamos os natais em família.

Apercebemo-nos de que as brasas estavam no ponto. Entretanto o peixe perdia tamanho, suava para as brasas de carvão e ganhava uma cor dourada.

Saboreamos a frescura do peixe com calma, apuramos os sabores dos legumes frescos
e testamos diferentes paladares das frutas que refrescaram o serão.

Já perto das doze badaladas trocamos os presentes com os amigos secretos, resultando surpresas muito engraçadas. Ora aparelhos eletrónicos, ora presentes em cadeia, ora jogos locais.

No final da noite senti os meus pés se esfriarem na água, enquanto ouvia Pink Floyd.

Cada um mostrou as suas habilidades para a dança espalhando a areia branca pelo ar, como pós de magia, tornando esta noite ainda mais especial.

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