A menina tailandesa com voz meiga
Sim, são bananas fritas.
Sim, é uma menina, a olhar para elas.
Não, não as vai comer, está a vendê-las.
Nos dois segundos em que este pensamento me invadiu, senti o meu
coração a palpitar a relembrar-me da injustiça que estava a presenciar.
Num primeiro instante pensei que a menina poderia ter fome. Comprei-lhe
uma mão-cheia de bananas embrulhadas em folha e estendi a mão. Come-as tu
querida, disse com a voz a tremer. Ela não as comeu, juntou-as às restantes.
Talvez não tenha percebido. Talvez não pudesse fazê-lo.
Mas enquanto vi a menina e preparar a famosa iguaria percebi que afinal
o que ela sentia não era fome, era sono... E não era para menos, o dia já tinha
contado mais de 22 horas.
Por que razão esta menina está a vender bananas? Esteve a fazê-lo
todo o dia? Porque não está já em casa, a dormir? A escola não começa cedo,
amanhã?
Numa tentativa de responder a estas questões, vi-lhe um sorriso. Com
uma voz meiga respondeu que não sabia falar inglês.
Aqui na Tailândia as crianças estão, muitas vezes, do outro lado. Do
lado do vendedor, do lado do adulto.
É muito difícil presenciar estes momentos quase todos os dias.
Às vezes tento falar com as crianças, outras com os pais, ou até com a
polícia e o governo.
Eles não me ouvem. Ou não querem ouvir.
Admito que isto já esteja implementado aqui há muitos anos, é cultural.
Que o direito à escola é esquecido e o dever de brincar é abandonado.
Mas acredito que devemos (pelo menos tentar) fazer alguma coisa. E, de
uma forma mais ou menos resultante, faço-o todos os dias.
Uma conversa com um autoridade da vila, uma brincadeira com um menino
gracioso, uma carta endereçada a um presidente, uma festinha numa testa quente,
em e-mail mais avivado...
E não vou desistir!
Sem comentários, fiquei assim!!!
ResponderEliminarAdoro-te minha querida filha. (agora tambem fiquei com as mãos a tremer)
Bj. do Pai.
Imagino Pai, são situações que realmente nos deixam assim...
EliminarObrigada por todo o apoio, és um Pai maravilhoso!
Adoro-te!
Minha querida filha fiquei com o coração tão apertado ao ler o que escreves,é cruel demais para presenciar.....mas o mundo é muito injusto principalmente para as crianças que são tão indefesas...
ResponderEliminarAmo te muito meu amor.... beijinhos da mae.
Eu sei... Tu sabes bem o que eu estou a sentir não é Mãe? Mas olha que, por pouco que seja, acredito que podemos tentar ajudá-las! Obrigada pelo carinho Mãe.
EliminarAdoro-te!
Esta tocou-me particularmente...Não te conheço bem, Marta, mas admiro muito a forma como te atiraste ao mundo. Parabéns! Dulce Ribeiro
ResponderEliminarObrigada Dulce.
EliminarÉ muito bom sentir o apoio das pessoas. Não nos conhecemos bem, mas agora já estamos ligadas :)
Beijinhos
Querida Marta, o coração não tem línguas e tu sabes bem disso! Essa menina talvez tenha ganho o dia porque te viu, porque a olhaste nos olhos com um respeito que ela desconhece. E só isso vale muito. Continua a acreditar! O mundo muda contigo e com a tua passagem. Não muda(rá) tão depressa como desejas, mas vai mudar.
ResponderEliminarOh Carmen agora fiquei novamente com a voz a tremer ao ler as tuas palavras... Obrigada por me aqueceres o coração e por me ajudares a continuar a acreditar.
EliminarÉs uma inspiração para mim!