Um dia mágico em Koh Samui


Como se de um orgulho nativo se tratasse, a Tailândia esforça-se por manter o seu dialeto. Poucas pessoas falam inglês. E, quando falam, nunca deixam de misturar umas palavras em tailandês.

Sigo com os olhos aqueles carateres estranhos. Não sei o que significam mas a sua perfeição e o cuidado com que as pessoas os desenham transparecem o caráter dos tailandeses. Preocupados, dedicados e atenciosos.

Sempre prontos a explicar um novo hábito, uma nova palavra, um novo comprimento.

No inicio estranhei. Confesso que cheguei a pensar no motivo de estarem tão reticentes a outras culturas.
Mas a verdade é que usam uma forma muito bonita de partilhar os seus costumes e é assim que tenho aprendido sobre a cultura deste país maravilhoso. 

Trocamos alguns ringgits malaio por um punhado de bahts tailandeses e contratamos uma viagem num autocarro com cortinados arrosados e naperons de lã. Pelo caminho fomos nos aproximando do mar, fazendo esquecer o frio que se fazia sentir dentro do arrojado autocarro.

Uma hora de depois senti-me novamente no calor abrasador. Não por muito tempo. Tínhamos, agora, um ferry à nossa espera. Desta vez a frescura não era de um ar condicionado e forçado. Era uma frescura do oceano que me perfumava o cabelo com gotas de água salgada.

De quando em vez encontrávamos uma nova praia deserta. Pelo caminho, pequenos aviões estacionavam naquelas ilhas paradisíacas e grandes barcos transportavam pessoas com roupas de praia e desejo de mar.

Foi quase um par de horas de horas embalados pelo oceano.
Enquanto uns dormiam, outros tentavam parar a turbulência com os braços. Em vão.
Nós sentimos um vazio no estômago que quase se preencheu com um cachorro quente. Não tinha pão, só a salsicha espetada num palito.

E finalmente chegamos à ilha que orgulhosamente apelidam de Samui. Conhecida como a  pérola do Mar da China por ter sido povoada apenas por pescadores de origem chinesa até à década de oitenta.

O nosso hotel ficava afastado do porto, por isso procuramos um transporte. Autocarro, não há. Só táxi. A alegria voltou quando percebi que o táxi era uma mota. Sim, agarrei-me à barriga de um moto-taxista com rugas nas mãos e um cheirinho a peixe na camisola gasta do sol. Desconfio que também era pescador. Ainda lhe perguntei mas o sorridente senhor não falava inglês.

Antes de desfazer as mochilas, não resistimos a dar um mergulho naquela água sem ondas e tão transparente. A saudade do mar falou mais alto, semelhante àquele de quando descobrimos um novo brinquedo em crianças. Por ali ficamos até o por de sol nos mandar embora.

Passeamos pela vila de Koh Samui entre lojas locais, barzinhos de praia e vendedores de rua. 
Até que encontramos um mercado de comida tailandesa. Ficamos fascinados o cheiro a marisco fresco, como já não sentíamos há muito tempo.
Devoramos umas gambas saborosas envolvidas num ambiente quente cheio de luz e cor.

O dia terminou com um passeio pela praia. A noite encheu-se de luz com um espetáculo pirotécnico que animava os mais distraídos. O fogo iluminava o céu e terminava no mar.

Com os pés mergulhados na areia deliciamo-nos com uma banana split, um sumo espremido de um maracujá maduro e um abraço demorado.

A melhor forma de terminar um dia mágico, numa ilha ainda mais mágica.



2 comentários:

  1. Martinha adoro ler o que escreves é tao bonito que por momentos parace que estou contigo nessas praias maravilhosas!!!
    beijinhos com muitas saudades....

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    1. :) Haveremos de estar mãe! Estou cheia de saudades tuas...

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